à moda antiga

VÍDEO: com a pandemia, serenatas voltam a marcar datas especiais

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo Pessoal
Rafaela ganhou uma live da dupla Daiane e Rodrigo de aniversário de 37 anos

As datas comemorativas poderiam passar em branco nesse período de distanciamento social, já que os abraços e as reuniões em casa não são recomendados pelo risco de contaminação pela Covid-19. Mas a capacidade do ser humano de se reinventar até mesmo para demonstrar carinho tem resgatado velhas formas de homenagens, como a serenata. Seja com voz, violão, saxofone, violino, embaixo da janela, da sacada, ou pelo meio virtual, a comemoração é garantida graças a uma arte que também é bastante antiga: a música. 


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Foi assim com os 50 anos de casados dos aposentados Máximo Trevisan, 79 anos, e Eunice Trevisan, 70 anos (foto ao lado). As Bodas de Ouro seriam comemoradas com festa e a presença de todos os familiares no dia 16 de maio. A pandemia impediu a celebração tradicional, mas acabou acontecendo em um formato inusitado. A filha deles, a empresária Raquel Trevisan, 49 anos, e a neta Valentina, 16 anos, tiveram a ideia de contratar um músico para tocar as músicas do casal ao som de violino, enquanto eles assistiam, da sacada da casa, no Bairro Nossa Senhora de Fátima. Também foi organizado um jantar a dois pela empresa Bella Festa. 

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Como o casal está isolado do resto da família, a empresa organizou um kit para montagem de uma mesa para o casal. Tudo foi higienizado e colocado com um guia de instruções em baús depositados na porta da casa. Também foram colocadas cartas dos filhos e desenho de uma das netas para homenagear a união. No dia da serenata, as filhas Raquel e Lígia, 38 anos, as netas Valentina, e Luísa, 6 anos, o genro Ricardo Heinzelmann, 39 anos, e a irmã de Máximo, Leda Trevisan, 82 anos, participaram da homenagem usando máscaras e mantendo o devido afastamento. Tudo foi filmado e transmitido em tempo real para os filhos do casal Ana Cristina, que mora em Londres, para Rafael, que reside em Passo Fundo, e para o neto Paulo Henrique, 19 anos, em Porto Alegre. 

- A comemoração acabou não sendo como a gente planejava, mas eles curtiram horrores. No fim das contas, foi um momento mais romântico entre eles. Foi difícil, porque não podíamos abraçá-los, mas eles foram muito acarinhados dessa forma - diz a filha Raquel. 

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PERFORMANCE INUSITADA
Longe dos bares, o casal de músicos santa-mariense Daiane Diniz e Rodrigo Cunha Pires, que formam a dupla Daiane e Rodrigo, encontraram nas celebrações um meio para garantir alguma renda durante a pandemia. Entre as lives que lotaram a programação dos "instagrammers", Daiane e Rodrigo despertaram a criatividade do professor Vitalino Cesca Filho, 37 anos, primeiro a contratar a dupla para uma homenagem.

Vitalino conta que era aniversário de 37 anos da esposa, a psicóloga Rafaela Colomé da Luz Cesca. Antes da pandemia, Rafaela planejava dar uma grande festa, com direito a churrasco e à presença de amigos e familiares em casa. A reclusão social impediu a reunião física, mas Vitalino surpreendeu a aniversariante com uma festa por um aplicativo de conferências virtuais. Chamou as pessoas mais próximas dela e contratou os músicos Daiane e Rodrigo. 

- Pedi que ela ficasse no quarto, pois tinha uma surpresa. Ela deve ter pensado que eram balões ou coisa assim (risos). Deixei a webcam virada para a porta do quarto que ela sairia, conectei o computador na TV para ela conseguir enxergar todo mundo e, quando ela saiu, estava todo mundo lá. Depois tinha a "segunda etapa" da surpresa, que era o show da Daiane e do Rodrigo, que ela sempre gostou muito - relembra o marido de Rafaela. 

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Sirlei comemorou o aniversário com serenata da sacada do apartamento

E os músicos também experimentaram performances que jamais pensariam em fazer em outros tempos. A serenata nos moldes tradicionais definitivamente ganhou espaço no meio artístico. A assistente administrativo Carla Cassel, 36 anos, contratou Daiane e Rodrigo para cantar em frente ao prédio da mãe dela, Sirlei Baron, no Bairro Menino Jesus. Com toda a surpresa pronta, Carla ligou para a mãe e pediu que fosse até a sacada. Lá embaixo estavam os músicos, a outra filha de Sirlei, Cristiane, 38 anos, os netos Yasmin, 4 anos, Beatriz, 16, e Benjamin, 8, e os genros. 

- Ela disse que foi o melhor aniversário da vida dela. Nunca tinha visto ela daquele jeito, porque ela não costuma demonstrar emoção. Acho que são tempos difíceis, mas essa pandemia vai mudar muita coisa para melhor, principalmente nas relações familiares, de trabalho. Estamos aprendendo o quanto cada um é importante - reflete Carla. 

Daiane lembra que as surpresas têm sido ainda mais intensas porque os homenageados têm poucas expectativas neste período: 

- É muito emocionante, principalmente porque o homenageado imagina que vai ser um momento ruim, afetado pela pandemia. Essa experiência reforça o nosso entendimento do poder e da necessidade da arte para a transformação da experiência humana - comenta Daiane. 

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NOVAS FORMAS DE TRABALHO
O Dia das Mães foi de bastante trabalho para Matheus Lameira, 25 anos (foto ao lado). Músico e educador musical formado pela Universidade Federal de Santa Maria, ele fez 18 serenatas para o Dia das Mães. Destas, 16 foram virtuais, por chamadas de vídeo individuais ou coletivas. Duas foram presenciais, tudo obedecendo a distância mínima necessária e uso de máscara. O projeto A Serenata Perfeita alcançou, além de Santa Maria, as cidades de Imbé (RS), Ijuí (RS) e Rio de Janeiro (RJ).

Ele trabalhava com projetos musicais em corais, CTGs, eventos, e, como tudo parou, precisou explorar mais o meio virtual. Agora, além de estudar música, ele edita, grava vídeos e divulga os novos "serviços". Das sete fontes de receita que tinha, está com duas. 

- Depende muito da sensibilidade de quem contrata, mas é difícil o pessoal aderir, porque preferem o presente material, o objeto. Aos poucos o pessoal está buscando essas ideias à moda antiga. Acredito que no Dia dos Namorados vai ter mais procura - reflete Matheus. 

O mesmo aconteceu com o funcionário público Marco Antonio Righi, 34 anos, que há 18 anos toca saxofone. Este ano, por conta da pandemia, ele fez dez serenatas no Dia das Mães ao som do instrumento em São Sepé, onde mora. Apaixonado pela música, o saxofonista já vinha sentindo saudade dos palcos. Ele, que participa de outros projetos musicais, teve diversos shows cancelados, mas encontrou no momento uma oportunidade: 

- Infelizmente a classe artística está passando por momentos difíceis. O saxofone me trouxe a oportunidade de retomar esse tipo de trabalho. Tanto ao vivo quanto em vídeos consigo alguma renda extra. É diferente de estar perto do público, de sentir o contato e os aplausos, mas é o que temos - analisa o músico. 

O saxofonista aguarda novos trabalhos no Dia dos Namorados. Ele espera que a serenata seja resgatada com força total entre casais no próximo mês. 

As configurações de comemoração também foram atualizadas. A empresária Patrícia Riet, 36 anos, sócia da Bella Festa, conta que a empresa já adaptou os serviços ao período atual. Desde as medidas de isolamento social, além de assessorar uma serenata, a empresa já promoveu celebrações como um cinema em casa oferecido por uma namorada para o namorado que estava de aniversário. Até os pais de Patrícia se beneficiaram da criatividade. Eles viajariam para Paris este ano. Com as expectativas frustradas, a família decidiu oferecer a eles um jantar com o tema da Capital francesa, com direito a "macarrons" e vinho do país. 

- Nosso trabalho sempre foi personalizado, de acordo com a necessidade do cliente, então, seguimos nosso propósito de ouvir e ajudar a celebrar a vida e criar boas memórias mesmo neste período - sublinha Patrícia.

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